Que sentidos assumem as heterotopias?

Leticia Tizioto
2 min readJan 11, 2021

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Ao assistir o filme “Soul” no último fim de semana, a cena em que o protagonista Joe Gardner aparece “flutuando” ao tocar seu piano me fez perceber que poucos — e surpreendentes — são os momentos em que isso acontece. Seja numa aula, — daquelas mágicas sabe?- Seja ao ouvir uma música, seja ao ler uma poesia… a heterotopia, teoria trazida por Michel Foucault, ilustra aqueles espaços que nos levam para fora de nós mesmos.

São aqueles minutos ou até segundos em que o tempo e a história se paralisam e a mente se delicia ao se deparar com sítios irredutíveis de uma experiência singular. Uma espécie de transgressão talvez? Ou o que chamaríamos num tom mais informal de “brisa” ou ainda “viagem”. Ambas proporcionadas pela capacidade do irreal de se atravessar u ponto virtual que está do lado de lá.

É isso que acontece quando a gente embala na jornada de um bom livro. Quando fechamos a última página lida, suspiramos e hesitamos: “Nossa! Fui longe”. A literatura permite isso. E o nosso desejo de ir além é nutrido pela reflexão e sensibilização.

Nesse sentido, para esta semana, escolhi comentar o excelente projeto de reedição proposto pela minha amiga Naomi em seu vídeo “Coleção Agatha Christie-Box 1: uma proposta de reedição” entendendo que para um bom livro ter o seu “todo” de significado, é necessário um objeto editorial coerente com o conteúdo.

Ao pensar numa nova composição para o box 1 da Coleção Agatha Christie publicado pela HarperCollins Brasil em 2016, Naomi propôs que o desenho de “gosma escorrendo” na cor roxa fosse modificado, pois de fato, não convence o leitor de ser algo amedrontador, causando até um efeito mais infantil. A ideia de diminuir o nome da autora também melhoraria o design das capas, além das ilustrações que ficariam mais adequadas trazendo cenas dos crimes de cada obra.

As mudanças refletidas por ela, tem o intuito também de reunir os livros que constituem o box, deixando a frente desse objeto editorial vazada e modificando a fonte dos três livros. Acredito que com essas e mais algumas edições trazidas no vídeo, a proposta do box seria mais efetiva, deixando a parte física muito mais coerente com o conteúdo trazido no interior do livro.

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