A composição do livro: importa?

Leticia Tizioto
1 min readDec 4, 2020

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Ao nos depararmos com um livro, muita coisa vem à mente: capa: é bonita? título: é interessante? cores: são instigantes? design: é coerente? Isso tudo faz parte da produção de um mídium e de um imaginário construído acerca do livro: este livro, de fato, faz-se querer ser lido?

Todo mídium é construído por vários vestígios que marcam muito bem a inscrição de tal objeto no contexto, ou seja, um livro, possuindo elementos como: título, cores, ilustrações, paginação acaba tomando uma eficácia simbólica que também denuncia o seu contexto de produção. Já foi a uma biblioteca e encontrou aqueles tradicionais livros da literatura brasileira? Capa dura, folhas amareladas e o nome do autor em destaque. Típico, não?

Essas características de um objeto editorial são aquilo que dão força à sua efetividade, assim, cada elemento discursivo presente num livro elabora uma cenografia e contribui para a imagem que está sendo proposta. O livro impresso, ao chegar nas mãos dos leitores, muitas vezes acaba deixando seu percurso e produção esquecidas. Além disso, uns acabam nem materializando a essência de seu conteúdo, deixando o próprio objeto descontextualizado.

Dos tantos livros existentes, trago aqui um com abordagem importantíssima e atemporal: O Diário de Anne Frank. Ao olharmos para sua constituição: capa branca, brochura mole, folhas finas…Será que para esse fato literário houve uma transmissão efetiva? Se o conteúdo está sujeito à forma, e a forma, por sua vez, é transpassada pela matéria, seria então essa composição do Diário de Anne Frank uma transmissão legítima?

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